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Personalidade Borderline?
[Atualização 23/07/2020: estou revisando alguns textos antigos do blog e adicionando observações. Com o passar dos anos estudando, venho mudando de opinião a respeito de algumas questões, porém, não pretendo apagar posts antigos a menos que eu sinta que eles possam causar algum efeito negativo. Nessa época, eu valorizava muito conceitos e termos psiquiátricos, porém, conforme fui amadurecendo minha visão sobre saúde mental, não vejo mais as coisas dessa forma. Se você possui qualquer um desses comportamentos e sintomas, por favor, busque ajuda profissional, textos e publicações da internet não são suficientes para um diagnóstico.]Sim, a informação de que a série é principalmente sobre o Transtorno de Personalidade Borderline é um spoiler já que a protagonista só recebe esse diagnóstico mais para a frente no enredo, mas não me crucifiquem, não é uma revelação que vai atrapalhar a sua experiência porque muita coisa acontece e eu não vou comentar mais nenhum spoiler no decorrer desse post.
Também, pessoas que leem sobre ou vivem com essa condição provavelmente vão perceber logo no começo da série, eu, por exemplo, apesar de não ser Borderline leio muito a respeito e identifiquei que a protagonista Rebecca Bunch (Rachel Bloom) tinha traços de Borderline logo no primeiro episódio (sem exageros).
Eu decidi contar que a série trata desse tema porque eu acredito que muita gente pode ter vontade de assistir por causa disso e que talvez iriam passar direto caso não soubessem, ainda mais que eu sei que muitas pessoas que me acompanham possuem esse diagnóstico e até onde eu sei existem poucas obras de ficção que tratam desse transtorno, ainda mais de uma forma tão incrível quanto Crazy Ex-girlfriend 😱.
Sem contar que a sinopse da série no Netflix é péssima (a maioria das sinopses do Netflix são péssimas, quem escreve elas? 😂😂😂) e acabam dando a impressão que a série não é legal sendo que ela é INCRÍVEL. Sem exageros, no momento é uma das minhas séries preferidas (se não for a minha preferida).
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Uma paixão de verão - Pequeno resumo do começo da série para contextualizar
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Rebecca e Josh adolescentes no acampamento de verão. |
Os dois se despedem e não voltaram a se ver nos verões seguintes, a história de Rebecca e Josh havia terminado?
Então vamos para o presente em que Rebecca é uma advogada bem sucedida que trabalha em um grande escritório em Nova York. Rebecca tem um currículo incrível, ela estudou em Harvard e Yale, duas universidades estadunidenses extremamente renomadas e finalmente ela vai receber uma promoção que ela lutou muito para conseguir, mas ela não se sente feliz e não sabe porquê.
Assim que ela recebe a notícia de que ela será promovida, ela olha para um panfleto que estava em cima da mesa com os dizeres: "Quando foi a última vez que você esteve realmente feliz?", desnorteada ela decide sair para tomar um Smoothie.
Nessa saidinha que ela dá do escritório ela tromba com advinha quem? Ele mesmo, Josh Chan, seu ex da colônia de férias que estava morando em Nova York agora. A série tem um tom cômico e dramático bem exagerado, Rebecca olha para um outdoor da mesma campanha do panfleto que ela olhou antes de sair do escritório: "Quando foi a última vez que você esteve realmente feliz?" e logo em seguida ela vê Josh virando a esquina com uma luz por cima dele e ouve uma cantoria angelical (que ela mesma estranha). Esses tons cômicos fazem com que o encontro dela com Josh pareça obra do destino.
Josh diz que ele está morando em Nova York há alguns meses, mas pretende voltar para sua antiga cidade porque sente falta de lá e não se sente feliz na cidade grande. A palavra "feliz" ecoa na mente de Rebecca e ela segue ouvindo as cantorias angelicais na sua mente. A cidade que Josh morava é West Covina, uma cidade no interior da Califórnia.
Rebecca fica totalmente desconsertada com esse encontro e toma uma decisão completamente arriscada e uns diriam insana: recusa a promoção que ela lutou tanto para conseguir para se mudar para West Covina e ficar perto de Josh, exceto que ela nega com todas as forças que essa é a sua motivação real. E então nós temos o primeiro número musical da série:
Rebecca canta sobre se mudar para West Covina na versão em inglês
Mesma música na versão dublada em PT-BR
Então nós temos alguns dos primeiros indícios de que a série tem como principal tema saúde mental. A mãe de Rebecca liga para ela e diz: "Rebecca, eu vi no Facebook que você mudou para Califórnia! O que está fazendo? Essa é a sua maior loucura desde que você tentou suicídio na faculdade!" e enquanto Rebecca ouve o recado de sua mãe no telefone ela joga fora vários medicamentos que claramente são medicamentos psiquiátricos, apesar de até o momento a série não fazer nenhuma menção direta a isso.Mesma música na versão dublada em PT-BR
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Paula e Rebecca. |
Acreditem, a insanidade só aumenta. Ela faz uma nova amiga, Paula Proctor (Donna Lynne Champlin).
Inicialmente, Paula não vai com a cara de Rebecca, elas trabalham no mesmo escritório e ela acha muito estranho que Rebecca tenha decidido se mudar para lá e buscado aquele emprego com o currículo incrível que ela tem, então Paula decide investigá-la a fundo se mostrando uma verdadeira stalker e hacker até que ela enfim descobre que Rebecca se mudou para West Covina por causa de Josh e então decide se tornar cúmplice e ajudar Rebecca a conquistar Josh.
Rebecca então descobre que Josh tem uma namorada chamada Valencia Maria Perez (Gabrielle Ruiz) que foi um dos motivos pelos quais ele decidiu retornar para West Covina.
Valencia é uma garota totalmente dentro dos padrões, ela tem um corpo sarado com uma barriga lisa e é professora de Yoga. Isso deixa Rebecca totalmente insegura já que ela é uma mulher que não está totalmente dentro dos padrões, ela tem uma barriguinha mais saliente, por exemplo.
Valencia é uma garota totalmente dentro dos padrões, ela tem um corpo sarado com uma barriga lisa e é professora de Yoga. Isso deixa Rebecca totalmente insegura já que ela é uma mulher que não está totalmente dentro dos padrões, ela tem uma barriguinha mais saliente, por exemplo.
Comédia e Musical
Já deu pra perceber que a série tem um tom cômico, não é? Mas não é um tom cômico pastelão bobo como a maioria dos filmes e séries de comédia, é um humor inteligente que fala de assuntos sérios de forma responsável que faz a gente rir enquanto coloca a mão na consciência, bem como questionar alguns pensamentos senso comum que nós temos.
Além disso, a série também é composta de vários números musicais estilo Broadway, muitas das músicas são paródias e são hilárias.
A atriz Rachel Bloom que faz a protagonista também é produtora da série e ela ficou famosa fazendo paródias no YouTube, então provavelmente isso foi influência dela.
Todos os atores sabem cantar e dançar, até personagens totalmente secundários às vezes estrelam algum número musical e boas notícias: a dublagem brasileira da série é simplesmente INCRÍVEL.
Os dubladores escolhidos realmente sabem cantar e eles adaptaram todas as músicas para o português com letras realmente bem escritas e fieis a mensagem original das músicas. Eu assisti a série em inglês porque eu gosto de ver a atuação original, porém, também assisti alguns episódios em português e achei espetacular.
Enquanto no TAB o humor altera em ciclos bem demarcados que não necessariamente possuem uma causa, no TPB o humor é reativo, ou seja, está diretamente relacionado com os acontecimentos da vida da pessoa e tais alterações podem ocorrer várias vezes em um mesmo dia.
Vale lembrar que essas descrições dos sintomas que eu citei aí em cima do Google são bastante vagas, não dá para chegar a um diagnóstico apenas lendo isso e que a pessoa não necessariamente precisa apresentar todos os sintomas para ter a condição. Então se você leu essas coisas, se identificou e você tem prejuízos na sua vida devido a isso busque ajuda profissional, ok?
Enfim, podemos ver vários desses sintomas em Rebecca, eu não quero dar detalhes desses comportamentos porque eu não quero estragar a surpresa de vocês 😂😂😂, mas, por exemplo, ela é EXTREMAMENTE impulsiva e tem uma vez que ela saiu com um rapaz, mas ela abandonou o encontro no meio e levou outro cara para a cama 😱😱😱.
Os comportamentos dela não parecem tão graves no começo da série, apesar de já serem insanos, mas eles vão se intensificando e nós vamos descobrindo mais detalhes da infância de Rebecca e, porque talvez ela seja assim, bem como seu passado na universidade.
Fora isso tem a mãe da Rebecca que tem alguns traços de Personalidade Narcisista, ou seja, a série é um prato cheio para estudantes de Psicologia ou Psiquiatria, além de que elas nos ensina muitas outras coisas também.
Também tem um personagem que lida com alcoolismo, são vários temas sérios abordados de um jeito inteligente, divertido quando pode ser e sério e emocionante quando precisa também.
A própria Rebecca demonstra ter algum pequeno nível de tendências bissexuais e inclusive ela também menciona a escala Kinsey, uma escala que define os níveis de bissexualidade das pessoas entre pessoas que podem ser predominantemente heterossexuais a maior parte da vida, mas em algum momento se sentirem atraídas por alguém do mesmo gênero e vice-versa. Outros personagens no decorrer da série descobrem suas bissexualidades.
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Cena de abertura de uma das temporadas |
A atriz Rachel Bloom que faz a protagonista também é produtora da série e ela ficou famosa fazendo paródias no YouTube, então provavelmente isso foi influência dela.
Todos os atores sabem cantar e dançar, até personagens totalmente secundários às vezes estrelam algum número musical e boas notícias: a dublagem brasileira da série é simplesmente INCRÍVEL.
Os dubladores escolhidos realmente sabem cantar e eles adaptaram todas as músicas para o português com letras realmente bem escritas e fieis a mensagem original das músicas. Eu assisti a série em inglês porque eu gosto de ver a atuação original, porém, também assisti alguns episódios em português e achei espetacular.
O principal tema abordado na série é saúde mental e o comportamento insano de Rebecca.
Ao mesmo tempo, que Rebecca é irracional, ela busca ajuda e passa a fazer psicoterapia com uma psiquiatra chamada Dra. Noelle Akopian (Michael Hyatt), mas ela tem bastante resistência ao tratamento e raramente ouve a doutora.
Isso inclusive gera um número musical hilário estrelado pela doutora reclamando que nenhum paciente a ouve.
A série aborda temas muito sérios como amor-próprio, autoestima, comportamento autodestrutivo, depressão e ansiedade. Ao mesmo tempo, que ela pode nos fazer dar altas risadas também nos leva a ficar apreensivos e preocupados torcendo pela Rebecca.
Quem conhece um pouco sobre o Transtorno de Personalidade Borderline vai perceber inúmeros sintomas em Rebecca desde o começo da série, mais precisamente do primeiro episódio.
Isso porque a decisão de Rebecca de abandonar um emprego com um salário incrivelmente alto para se mudar para uma cidade do interior, que ela nem lembrava o nome até reencontrar Josh, apenas para ficar perto de uma paixão é um comportamento bem típico de borderlines.
Vou resumir mais ou menos do se trata esse transtorno para ficar mais claro, ok? Pessoas Borderline são frequentemente descritas por alguns psiquiatras como sendo o oposto de psicopatas (Transtorno de Personalidade Antissocial). Enquanto os psicopatas são pessoas totalmente racionais e sem empatia ou culpa, pessoas borderline são totalmente ou quase totalmente irracionais e apaixonadas.
A Personalidade Antissocial (popularmente conhecida como psicopatia) e a Personalidade Borderline são classificados como transtornos de personalidade. O que isso significa? Que essas duas condições não necessariamente são consideradas doenças porque a personalidade é o jeito de ser da pessoa e não existe jeito de ser certo ou jeito de ser errado, existem apenas jeitos de ser, porém, essas condições são consideradas quadros psiquiátricos porque elas causam prejuízos para os portadores e/ou pessoas que os cercam.
Então podemos dizer que os transtornos de personalidade são condições que se encontram entre a patologia e a "normalidade".
Devido a isso, o tratamento mais indicado para essas condições é psicoterapia sendo que os medicamentos apenas são utilizados para tratar sintomas específicos e comorbidades. A Personalidade Antissocial não tem nenhum tipo de tratamento eficaz até o momento, isso ocorre porque psicopatas não sentem culpa ou empatia pelas pessoas, então eles não sentem motivação para mudar seu jeito de ser já que eles não prejudicam a si próprios só aos outros e não ligam para isso, infelizmente, porém, a Personalidade Borderline possuí sim tratamentos e um melhor prognóstico (perspectiva de melhora).
Transtornos de Personalidade também só podem ser diagnosticados na fase adulta, também, já que crianças e adolescentes ainda estão formando sua personalidade. Então, uma criança que tem comportamentos antissociais ainda pode ser tratada e reverter esse quadro, tem vários casos famosos.
Pessoas borderline tem um nível de dependência emocional muito grande e elas têm um medo do abandono muitas vezes irracional e necessitam de constantes validações das pessoas sobre serem amadas e queridas. Para conseguir tais validações elas podem tomar atitudes extremas, entre elas tentarem suicídio.
"Ah, mas a pessoa só tentou suicídio para chamar atenção", alguns podem dizer, mas temos que encarar apenas como tolice alguém fazer algo nesse nível? Acredito que se alguém coloca a própria vida em risco para se sentir amada essa pessoa claramente precisa de ajuda, julgamentos não ajudam, né?
Por conta disso essas pessoas tendem a ter relacionamentos conturbados, principalmente relacionamentos amorosos. Elas possuem um sentimento de vazio crônico que elas procuram preencher com suas paixões, então é comum uma pessoa borderline ao se apaixonar por alguém que gosta de futebol passar a gostar de futebol também, ou outros hobbies, foi só um exemplo, como se a sua própria identidade não fosse nada claro e ela buscasse constituí-la a partir do outro.
Complexo, né? Mas essas só são algumas características, é uma condição extremamente complexa.
Ao mesmo tempo, que Rebecca é irracional, ela busca ajuda e passa a fazer psicoterapia com uma psiquiatra chamada Dra. Noelle Akopian (Michael Hyatt), mas ela tem bastante resistência ao tratamento e raramente ouve a doutora.
Isso inclusive gera um número musical hilário estrelado pela doutora reclamando que nenhum paciente a ouve.
A série aborda temas muito sérios como amor-próprio, autoestima, comportamento autodestrutivo, depressão e ansiedade. Ao mesmo tempo, que ela pode nos fazer dar altas risadas também nos leva a ficar apreensivos e preocupados torcendo pela Rebecca.
Quem conhece um pouco sobre o Transtorno de Personalidade Borderline vai perceber inúmeros sintomas em Rebecca desde o começo da série, mais precisamente do primeiro episódio.
Isso porque a decisão de Rebecca de abandonar um emprego com um salário incrivelmente alto para se mudar para uma cidade do interior, que ela nem lembrava o nome até reencontrar Josh, apenas para ficar perto de uma paixão é um comportamento bem típico de borderlines.
Vou resumir mais ou menos do se trata esse transtorno para ficar mais claro, ok? Pessoas Borderline são frequentemente descritas por alguns psiquiatras como sendo o oposto de psicopatas (Transtorno de Personalidade Antissocial). Enquanto os psicopatas são pessoas totalmente racionais e sem empatia ou culpa, pessoas borderline são totalmente ou quase totalmente irracionais e apaixonadas.
A Personalidade Antissocial (popularmente conhecida como psicopatia) e a Personalidade Borderline são classificados como transtornos de personalidade. O que isso significa? Que essas duas condições não necessariamente são consideradas doenças porque a personalidade é o jeito de ser da pessoa e não existe jeito de ser certo ou jeito de ser errado, existem apenas jeitos de ser, porém, essas condições são consideradas quadros psiquiátricos porque elas causam prejuízos para os portadores e/ou pessoas que os cercam.
Então podemos dizer que os transtornos de personalidade são condições que se encontram entre a patologia e a "normalidade".
Devido a isso, o tratamento mais indicado para essas condições é psicoterapia sendo que os medicamentos apenas são utilizados para tratar sintomas específicos e comorbidades. A Personalidade Antissocial não tem nenhum tipo de tratamento eficaz até o momento, isso ocorre porque psicopatas não sentem culpa ou empatia pelas pessoas, então eles não sentem motivação para mudar seu jeito de ser já que eles não prejudicam a si próprios só aos outros e não ligam para isso, infelizmente, porém, a Personalidade Borderline possuí sim tratamentos e um melhor prognóstico (perspectiva de melhora).
Transtornos de Personalidade também só podem ser diagnosticados na fase adulta, também, já que crianças e adolescentes ainda estão formando sua personalidade. Então, uma criança que tem comportamentos antissociais ainda pode ser tratada e reverter esse quadro, tem vários casos famosos.
Pessoas borderline tem um nível de dependência emocional muito grande e elas têm um medo do abandono muitas vezes irracional e necessitam de constantes validações das pessoas sobre serem amadas e queridas. Para conseguir tais validações elas podem tomar atitudes extremas, entre elas tentarem suicídio.
"Ah, mas a pessoa só tentou suicídio para chamar atenção", alguns podem dizer, mas temos que encarar apenas como tolice alguém fazer algo nesse nível? Acredito que se alguém coloca a própria vida em risco para se sentir amada essa pessoa claramente precisa de ajuda, julgamentos não ajudam, né?
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- O que há de errado com você? - O que há de errado comigo? Eu diria baixa autoestima, falta de afeto materno e uma predisposição genética para ansiedade e depressão. |
Por conta disso essas pessoas tendem a ter relacionamentos conturbados, principalmente relacionamentos amorosos. Elas possuem um sentimento de vazio crônico que elas procuram preencher com suas paixões, então é comum uma pessoa borderline ao se apaixonar por alguém que gosta de futebol passar a gostar de futebol também, ou outros hobbies, foi só um exemplo, como se a sua própria identidade não fosse nada claro e ela buscasse constituí-la a partir do outro.
Complexo, né? Mas essas só são algumas características, é uma condição extremamente complexa.
No comportamento: agressão, automutilação, comportamento antissocial, comportamento autodestrutivo, comportamento compulsivo, comportamentos de risco, hostilidade, impulsividade, irritabilidade, isolamento social ou falta de moderação
No humor: ansiedade, culpa, descontentamento geral, gama limitada de emoções, mudanças de humor, perda de interesse ou prazer nas atividades, raiva, solidão ou tristeza.
Sintomas psicológicos: auto-imagem distorcida, depressão, grandiosidade, medo, narcisismo ou paranoia
Também é comum: pensamentos suicidas ou transtorno dissociativo.
Fonte: Informações Médicas do Google, Hospital Israelita A. Einstein e outros.A Personalidade Borderline também é frequentemente confundida com o Transtorno Afetivo Bipolar (que é a doença que eu tenho), isso ocorre porque borderlines também possuem alterações de humor extremas, mas elas ocorrem de um jeito bem diferente.
Enquanto no TAB o humor altera em ciclos bem demarcados que não necessariamente possuem uma causa, no TPB o humor é reativo, ou seja, está diretamente relacionado com os acontecimentos da vida da pessoa e tais alterações podem ocorrer várias vezes em um mesmo dia.
Vale lembrar que essas descrições dos sintomas que eu citei aí em cima do Google são bastante vagas, não dá para chegar a um diagnóstico apenas lendo isso e que a pessoa não necessariamente precisa apresentar todos os sintomas para ter a condição. Então se você leu essas coisas, se identificou e você tem prejuízos na sua vida devido a isso busque ajuda profissional, ok?
Enfim, podemos ver vários desses sintomas em Rebecca, eu não quero dar detalhes desses comportamentos porque eu não quero estragar a surpresa de vocês 😂😂😂, mas, por exemplo, ela é EXTREMAMENTE impulsiva e tem uma vez que ela saiu com um rapaz, mas ela abandonou o encontro no meio e levou outro cara para a cama 😱😱😱.
Os comportamentos dela não parecem tão graves no começo da série, apesar de já serem insanos, mas eles vão se intensificando e nós vamos descobrindo mais detalhes da infância de Rebecca e, porque talvez ela seja assim, bem como seu passado na universidade.
Fora isso tem a mãe da Rebecca que tem alguns traços de Personalidade Narcisista, ou seja, a série é um prato cheio para estudantes de Psicologia ou Psiquiatria, além de que elas nos ensina muitas outras coisas também.
Também tem um personagem que lida com alcoolismo, são vários temas sérios abordados de um jeito inteligente, divertido quando pode ser e sério e emocionante quando precisa também.
Feminismo e Sexualidade
O nome da série se chama "Crazy Ex-girlfriend" e acredito que esse nome deve causar a impressão que a série é ruim e até sexista, isso porque na nossa sociedade existe o estereótipo de que as mulheres são loucas e desequilibradas e a histeria, por exemplo, era um problema que era associado às mulheres e ao útero sendo que hoje em dia sabemos que existem homens histéricos também.
O termo "namorada louca" também remete àquela coisa de que as mulheres sempre são tidas como loucas ao fim de um relacionamento mesmo que muitas vezes elas tenham razão. Existe até um termo no feminismo para se referir a isso:
O termo "namorada louca" também remete àquela coisa de que as mulheres sempre são tidas como loucas ao fim de um relacionamento mesmo que muitas vezes elas tenham razão. Existe até um termo no feminismo para se referir a isso:
Gaslighting ou gas-lighting[1] é uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade.[2] Casos de gaslighting podem variar da simples negação por parte do agressor de que incidentes abusivos anteriores já ocorreram, até a realização de eventos bizarros pelo abusador com a intenção de desorientar a vítima.O termo deve a sua origem à peça teatral Gas Light e às suas adaptações para o cinema, quando então a palavra popularizou-se. O termo também tem sido utilizado na literatura clínica.[3][4]Fonte: Wikipedia
Acontece que a série desconstrói totalmente esse estereótipo, ainda na abertura da primeira temporada os outros personagens retratados como cartoons falam: "Ela é a namorada louca!" e Rebecca retruca: "Eu não sou, isso é um termo sexista!".
Mesmo a Rebecca sendo de fato alguém que possui um quadro psiquiátrico, o que popularmente as pessoas chamam de "louco", esse termo pejorativo é bastante inadequado porque ela é acima de tudo alguém com problemas, mas ela também é uma pessoa amável e querida. Inclusive ela cativa todo mundo do trabalho dela, faz vários amigos e eles se mostram muito importantes para ajudá-la a enfrentar seus problemas no decorrer da série.
A série também traz outros temas feministas como rivalidade feminina, autoestima das mulheres, gordofobia, orgasmo feminino e as cobranças da sociedade para que as mulheres se produzam muito mais do que os homens sendo cobradas a se depilar, por exemplo.
Um dos hinos feministas da série é a música Sexy Getting Ready Song ("A música da Produção" em Português).
Mesmo a Rebecca sendo de fato alguém que possui um quadro psiquiátrico, o que popularmente as pessoas chamam de "louco", esse termo pejorativo é bastante inadequado porque ela é acima de tudo alguém com problemas, mas ela também é uma pessoa amável e querida. Inclusive ela cativa todo mundo do trabalho dela, faz vários amigos e eles se mostram muito importantes para ajudá-la a enfrentar seus problemas no decorrer da série.
A série também traz outros temas feministas como rivalidade feminina, autoestima das mulheres, gordofobia, orgasmo feminino e as cobranças da sociedade para que as mulheres se produzam muito mais do que os homens sendo cobradas a se depilar, por exemplo.
Um dos hinos feministas da série é a música Sexy Getting Ready Song ("A música da Produção" em Português).
Hino feminista sobre depilação e cobranças estéticas femininas
A série também traz discussões sobre sexualidade, temos personagens homossexuais e bissexuais. O chefe de Rebecca, Darryl Whitefeather (Pete Gardner) se descobre bissexual, ele tem uma ex-mulher e uma filha e ele realmente se sente atraído por mulheres, então ele descobre que também se atrai por homens quando Josh Wilson (David Hull), apelidado de "White Josh" se demonstra interessado por ele. Darryl passa por um processo de aceitação até finalmente se orgulhar de se sentir atraído por homens também e ele inclusive estrela um número musical sobre bissexualidade:
Darryl cantando sobre sua bissexualidade com
a bandeira do movimento Bi ao fundo, áudio em inglês
Versão da música em PT-BR
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Imagem ilustrativa da Escala Kinsey, hoje ela é considerada por alguns como incompleta, pois não engloba todas as possíveis orientações sexuais |
Diversidade nos personagens
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Alguns dos atores que interpretam alguns dos personagens principais da série. |
Por fim eu não poderia deixar de mencionar o quão diverso o elenco de Crazy Ex-girlfriend é e como ele retrata personagens fora dos seus estereótipos clássicos, por exemplo, a psiquiatra que atende Rebecca pela maior parte da série que é a Dr. Akopian é negra. Quantas vezes séries retratam pessoas negras nesse tipo de profissão que é mais valorizada socialmente?
A própria Rebecca é uma personagem fora dos padrões por não ter um corpo super magro e sarado, mas, ao mesmo tempo ela é sexy e destemida em vários momentos. Rebecca também vem de uma família judia e apesar de não acreditar na religião dos seus familiares, em vários momentos os costumes judaicos são trazidos em cenas com sua família.
Josh Chan, o crush supremo de Rebecca é asiático, mais precisamente filipino e o ator de fato é filipino. Tem inclusive outro personagem chamado Josh que é branco, então o apelido dele é "White Josh". Temos Paula que é mais velha, tem filhos e mesmo assim ela ainda sonha em fazer faculdade. Valencia, a namorada de Josh na primeira temporada também é interpretada por uma atriz latina.
Concluindo
É uma série maravilhosa e extremamente elogiada e premiada, sendo inclusive a primeira série mais aclamada da emissora CW (que eu fiquei sabendo que é mais conhecida por séries adolescentes despretensiosas). Rachel Bloom colocou algumas características suas na personagem Rebecca, apesar de ela não ser borderline na vida real, ela possui vários transtornos mentais também e ela é de fato judaica, vários personagens carregam algumas características dos atores como o Josh Chan em que o ator é de fato filipino.
Quando a gente lê a sinopse no Netflix e vê o título aparentemente sexista até parece que é só mais uma série de comédia fraca e machista, mas não! É totalmente o oposto disso.
Vocês vão ter que me perdoar por ter dado o spoiler de que a Rebecca é Borderline, mas eu aposto que se eu não tivesse falado isso muita gente nem iria assistir, né? 😂😂😂😂 Rachel Bloom disse em uma entrevista que a série contou com uma equipe de psiquiatras e psicólogos para poder retratar as questões de saúde mental da forma mais responsável possível.
Vocês já assistiram essa série? Deixem a opinião nos comentários! Compartilhem essa resenha com amigos e familiares que possam se interessar também.
Aliás, a série já tem 3 temporadas, todas estão no Netflix Brasil e a quarta temporada está sendo exibida ainda e em breve será disponibilizada no Netflix (a CW assinou um contrato com o Netflix, então muito provavelmente a quarta temporada virá para o serviço assim que ela terminar de ser exibida). A quarta temporada vai ser a última, a série foi planeada desde o início para que durasse apenas quatro temporadas.
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Salve no Pinterest! |
Essa série é muito boa mesmo. Confesso que quando vi o título, me pareceu um saco e não vi logo de cara, mas coloquei na lista de interesses da Netflix kk até que um dia comecei a ver e vi apenas 5 episódios pq achei meio chato. Um tempo depois, decidi começar a ver de novo e assim sim eu engrenei na história. Estou na última temporada, e triste por saber que é a última. Quando teve a reviravolta sobre o transtorno de personalidade da personagem principal, fiquei mais presa e mais encantada ainda pela série. Está simplesmente incrível, pq mais amo é como aborda a necessidade e a importância do tratamento dos transtornos mentais. Mostra oq muitas vezes acontece quando se começa o tratamento (muito engajamento no início e depois o abandono quando se acha que está "curado" ou mesmo a negação da doença). É uma série muito rica e inteligente. Recomendo a todos.
ResponderExcluirSeu posto está bem legal, bem escrito, com informações muito úteis sobre transtorno de personalidade. Parabéns!