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(Imagem retirada da internet) |
Olá, queridos! Para quem me acompanha há um tempo, não é novidade que sou um grande fã de Steven Universe, já escrevi sobre a série aqui no blog em algumas ocasiões. Acabei de assistir os últimos episódios que saíram, um pouco atrasado, mas a minha vida nas últimas semanas foi um pouco bagunçada devido a toda essa polêmica de coronavírus e quarentena. Queria escrever um pouco sobre eles, mas este post não é uma análise, só uma porção de reflexões minhas sobre os sentimentos que despertaram em mim enquanto assistia. Apesar disso, talvez haja alguns spoilers.
Começando que eu me senti mal assistindo, muito mal mesmo 😰, inclusive chorei em alguns momentos. Não vou dizer que os episódios foram ruins, na verdade, foram tão incríveis e engenhosos quanto sempre. Sempre fico surpreso em como esta série aborda temas super complexos com profundidade, mesmo sendo um desenho infantil. Dá para relacionar muito com conceitos psicanalíticos, como fiz na minha resenha sobre o filme que relacionei com o Complexo de Édipo. Contudo, esses episódios recentes foram um pouco além: devem ser os mais sombrios e perturbadores do desenho inteiro e me despertaram um monte de gatilhos.
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A temporada gira em torno de Steven, agora adolescente, sofrendo instabilidade emocional devido a traumas sofridos nas outras temporadas durante a sua infância. Nesses momentos, Steven fica rosa, algo que certamente representa seu lado destrutivo. Com o passar dos episódios, isso vai evoluindo para sentimentos horríveis de solidão, abandono e de estar sendo deixado para atrás pelos seus amigos. Repetidas vezes ele diz que se sente um lixo. Não sabe quem ele é e o que ele deve fazer com a vida que lhe resta. Fica angustiado que todos os seus amigos, aparentemente sabem, estudam, tem planos.
De repente, Steven se dá conta de que ele só se sente feliz e confiante quando está com a Connie e os dois estão fundidos em Stevonie. Depois de péssimos conselhos de Ruby e Saphire, Steven resolve fazer um pedido de casamento relâmpago para que os dois possam se fundir e ser Stevonie para sempre. Como esperado, Connie fica assustada e preocupada com a ideia e não aceita.
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Steven pedindo Connie em casamento. (Imagem retirada da internet) |
A partir desse ponto, as coisas só pioram. Steven parece estar desenvolvendo algum tipo de quadro depressivo e síndrome do pânico. Ele tem ataques em que chora ou tem acessos de raiva, seu corpo fica rosa brilhando e partes dele começam a crescer e ficar desproporcionais. Connie liga para ele e testemunha tudo isso em uma chamada de vídeo e sugere que ele passe em uma consulta médica com a sua mãe.
A mãe de Connie examina Steven e constata que ele não possui nenhum problema de saúde física (apesar das excentricidades de seu corpo híbrido), entretanto ela desconfia que possa ser uma questão de ordem psíquica e emocional. Ela pergunta se ele passou por algum evento estressante durante a sua infância. Steven lista alguns dos eventos das temporadas anteriores em que ele quase morreu, ela fica preocupada e pergunta se Steven já passou em uma consulta médica antes. Obviamente a resposta é não. No entanto, após ser questionado se passou por algum evento estressante recentemente, Steven se lembra do pedido de casamento fracassado e começa a ter um ataque horrível. Ele começa a chorar, seu corpo cresce e ele bate a cabeça no teto. Seu pai aparece de repente para socorrê-lo, e Connie e a sua mãe acabam precisando se retirar. Uma das coisas ditas por Steven neste momento foi:
"Como vou continuar vivendo daqui em diante se a cada momento eu sinto que vou morrer?!"
Essa cena em especial foi uma das mais difíceis de assistir. Tenho um histórico de problemas com pânico que comecei a superar só recentemente, não deve fazer nem um ano, então foi um baita gatilho para mim. Já escrevi um poema sobre isso e publiquei aqui no blog há um tempão atrás. É, o que Steven vivenciou nesse momento foram sintomas clássicos de um ataque de pânico, mas de um modo mais lúdico, claro, já que se trata de um desenho animado sobre pedras alienígenas.
O sentimento que predomina nessas crises é esse: morte. Você sente como se estivesse diante de uma ameaça iminente a sua vida e que não há nada que você possa fazer para impedir. Você se sente fraco, impotente, seu estomago começa a embrulhar, você sente enjoo, sua respiração acelera, seu coração fica apertado. Aí vem a tontura, em uma mistura infernal que dura infinitos 15 a 20 minutos. É como se o sistema de "alarmes" do seu corpo estivesse desregulado e qualquer coisa disparasse ele.
Parecia que era eu na tela da TV, sabe? Ele falou exatamente as coisas que eu sinto nesses momentos e nas minhas crises de ideação suicida 😰.
No episódio seguinte, Steven constata que não foi só a sua mãe que foi negligente, o seu pai também. Porque ele nunca foi levado em um médico, nunca esteve em um colégio. Steven não teve algumas coisas importantes que uma criança precisa ter durante a infância e esteve submetido a situações de estresse muito pesadas.
Steven sou eu, e talvez muitos de vocês, que não tem autoestima, que não sabem quem são, que cresceram, se sentem e são uma bagunça. Que descobrem que seus pais foram negligentes em muitos momentos com coisas importantes. Às vezes se sentem tão impotentes que parece que vão morrer. É como sempre me senti e, de vez em quando ainda me sinto.
Espero que, nos próximos episódios, Steven descubra que apesar de seus pais terem sido negligentes e outras pessoas terem-no machucado, ele é essa "bagunça" e quem desarrumou não vai vir consertar, ou talvez nem consiga. Para superar e continuar vivendo, vai precisar ele mesmo se apoderar de todas essas coisas, criar recursos e juntar seus caquinhos. Sei que consegue, estarei na torcida.
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Eu não acompanho o desenho de Steven Universe, pois esses desenhos mais novos não me atraíram muito. Mas pelo que leio, alguns deles estão trazendo temas bem fortes, tratados de forma bem lúdica e que funcionam bem. Imaginei que esse desenho fosse assim também, mas não sabia que era síndrome do pânico, nem depressão. Gente, sinta-se abraçado você também, e saiba que não está sozinho, viu? Eu não desejo esses sentimentos para ninguém, minha sogra tem síndrome do pânico e, quando tem crises, é uma situação muito complicada. Por isso comecei a olhar com outros olhos também. Bjks!
ResponderExcluirMundinho da Hanna
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Oi Raphael! Nossa, eu nunca assisti esse desenho. Mas, tenho boas recomendações do meu irmão, que gosta muito.
ResponderExcluirSou psicóloga, e gosto de tudo que consigamos enxergar esse viés psicológico. Porém, muitas pessoas as vezes não conseguem lidar bem com esses gatilhos, né?
Por tudo que você contou aqui, senti muita vontade de aproveitar essa quarentena para conseguir dar início a essa série. Com certeza eu vou ter um outro olhar, um olhar mais atento e talvez até mais técnico, devido a tudo que você ressaltou em seu post.
Espero que você esteja conseguindo se manter firme! Acredito que não deve ser nada fácil esse momento que estamos vivendo para pessoas que sejam ansiosos, ou que sofram com transtorno de pânico.
Desejo tudo de bom, e que logo os nossos dias voltem "ao normal". Mas, nem tão normal assim, claro!
Abraços
Carol, do Coisas de Mineira
não sabia que o desenho tinha tomado esse lado, que sinceramente é importante se dito, a infância é um período de construção de identidade, e nessa construção crianças precisam de espaço pra crescer e desenvolver mas também um ambiente acolhedor, que propicie segurança, conforto, educação, alimentação e lazer. nunca imaginei o desenho indo nesse caminho, achei interessante.
ResponderExcluirAlgo que sempre me surpreende também é como esta série realmente consegue abordar tantos temas super complexos com profundidade em cada novo episódio, apesar de ser um desenho infantil, né? Acredito que o fato de que você e nós leitores somos capazes de relacionar
ResponderExcluircom conceitos psicanalíticos, seja um diferencial ainda maior desse desenho infantil. Antes eu não costumava fazer essa relação, porém depois de ler suas outras postagens e analises aqui no blog, eu comecei a prestar mais atenção nisso. Mesmo essa não sendo um análise e mais algumas flexões suas ao assistir, já curti muito conferir igualmente!
Oi Raphael,
ResponderExcluirNa minha opinião achei a série bem pesada em alguns momentos. Só assisti a pelo menos 3 episódios e fiquei super na bad, e olha que nem foquei tanto na história e mesmo assim fiquei depre.
Achei o enredo bem cheio de assuntos e dá pra todos assistirem dependendo do seu estado emocional, claro?!
Eu já fui aluna de psicologia e sei que até mesmo adolescentes podem ter gatilhos com a série. Espero que mesmo assim todos goste...
Beijoss, Enjoy Books
Oi. Não conhecia o desenho, é a primeira vez que leio algo sobre ele, eu acho. Bom essa parte que ele desenvolve uma depressão e síndrome do pânico, achei bem forte para um desenho infantil, mas como nunca assisti, não tenho como analisar de fato, fico apenas no achismo. Espero que você fique bem, pelo que notei, mexeu com você
ResponderExcluirCaramba, que post maravilhoso,ainda não consegui assistir este episódio de Steven,mas falou tudo a série embora seja infantil sempre trás umas reflexões incríveis, a conheci através do meu namorado e me apaixonei pela série e as músicas também são incríveis tenho algumas favoritas que realmente me fazem refletir. Minha mãe sofre com transtorno de ansiedade e quando ela tem crise dói em mim ver como ela se sente. Saiba que o o trabalho que você está fazendo aqui no Blog é muito importante e com seu post você tocou mais uma pessoa hoje!
ResponderExcluirBjs Aruom Fênix
Blog Leituras de Aruom
Confesso que sempre vejo passando na sky, mas nunca prestei muita atenção nem sabia do que se tratava bem até ler o seu post. Agora fiquei super interessada e já coloquei para gravar todos para assistir desde o começo. Gosto sempre de estar lendo ou assistindo sobre sobre esses problemas e traumas que ficam em um jovem e como eles superam ou não. Foi muito importante seu post para mim.
ResponderExcluirOie, tudo bem? Nossa, faz tanto tempo que não assisto esse canal senti até uma nostalgia agora. Nos últimos tempos estou vendo o Disney Chanel, amo esse canal desde Hannah Montana haha É bom quando gostamos tanto de um programa. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirPoxa valeu, mais um que coloco na aba de favoritos para ir pesquisar. Me interessa muito esse tipo de trabalho com abordagem mais adulta, na realidade acaba sendo para nós mesmo! Obrigado !
ResponderExcluirPoxa, Raphael. Acredita que já ouvi falar do desenho mas nunca parei para prestar atenção sobre o que ele trata? Depois desse teu post, certamente que vou procurar assistir. Me identifiquei em alguns pontos da história... Infelizmente.. 😕
ResponderExcluirai gente, eu amo steven universo e justamente por ja ter sofrido muito com depressão e ataques de panico é que esses episódios me deixaram desconfortável também. eu entendo sua colocação e besta é quem pensa que é um desenho para crianças. steven universo sempre me faz refletir horrores.
ResponderExcluirGosto bastante de Steven mesmo não tendo assistido a toda a série principal e sem ter visto nada dessa série nova. Acho bom você trazer os conflitos e sentimentos que a animação despertou em você, pois creio que há outras pessoas compartilhando desse sentimento. Só discordo quando você chama a animação de desenho infantil. Ele era direcionado para o público infanto juvenil em suas primeiras temporadas, mas segue a linha de animações como Bem 10 e Hora da Aventura que é "crescer" junto de seu público. Tranquilamente essa nova fase é direcionada para uma idade bem mais alta.
ResponderExcluirAbraços.
Eu fiquei muito desconfortável no episódio Fragmentos, já ué o Steven foi contra tudo que ele pregou durante a série inteira. Fiquei chocado nesse episódio.
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